domingo, 4 de março de 2012

As eleições de ontem


Nas eleições que decorreram ontem no PSD para eleição do Presidente do Partido, Pedro Passos Coelho foi reeleito, como se esperava, com 95,5% dos votos.

No entanto, esta vitória foi obtida com uma participação relativamente baixa dos militantes. Votaram menos de 20.000 militantes.

Na Secção de Lisboa (a maior do país) votaram apenas 716 militantes, de um caderno eleitoral que tinha 3751 militantes, com capacidade para votarem, o que representa uma participação eleitoral de apenas 19,09%!

Em Novembro passado, nas eleições para a Comissão Politica Distrital e para os Delegados à Assembleia Distrital, votaram 1645 militantes. Em menos de 4 meses, votaram menos 929 militantes! Ou seja votaram menos 56,5% dos militantes!

Este é um dado preocupante, que revela um claro afastamento dos militantes do Partido e da sua actividade e que deve ser merecedor de uma profunda reflexão

Numa altura em que estamos às portas de um Congresso, em que serão apresentadas e votadas propostas de revisão estatutárias, devem ser criadas soluções que estatutariamente permitam que mais militantes participem activamente nos destinos do partido, impedindo que, como se ouve cada vez mais, sejam sempre os mesmos a ocupar os lugares.

É também importante criar mecanismos que obriguem  à informação dos militantes. Não pode voltar a acontecer um acto eleitoral, com a importância do que decorreu ontem sem o envio de uma convocatória aos militantes (o que aconteceue pelo menos em Lisboa). É preciso termos a consciência que uma faixa muito grande dos nossos militantes não tem acesso ou não utiliza as novas tecnologia e que muitos dos endereços de e-mail que constam das listagens de militantes estão desactualizados.

Tive oportunidade de contactar alguns militantes nos 2 ou 3 dias que antecederam o acto eleitoral e a maior parte deles não sabia que ia haver eleições. Isto não pode continuar a acontecer.

Por outro lado, pelo menos em Lisboa, o debate politico praticamente acabou. Não houve no último ano uma única Assembleia Concelhia em Lisboa (excluindo as que, como ontem, foram exclusivamente eleitorais). A transformação das próprias Assembleias Distritais, em sessões de esclarecimento, com a presença de membros do governo e outros convidados, e que são sem dúvida importantes, não podem servir de pretexto para a não existência de verdadeiras Assembleias Distritais, que permitam o debate sobre a situação política e autárquica do Distrito.

Com este tipo de actuações estamos a esvaziar o Partido daquilo que de mais precioso tem – a sua massa critica, os seus militantes.

A Concelhia de Lisboa tem vivido desde a sua eleição em Fevereiro do ano passado, tempos demasiadamente tumultuosos, que levaram a uma total estagnação desta estrutura, com um presidente da Comissão Politica totalmente isolado dos seus pares e dos militantes, com várias demissões no seu seio e um Presidente da Assembleia Concelhia desaparecido.

O aparecimento da Lista B de delegados ao XXXIV Congresso Nacional e que ontem ganhou as eleiçoes em Lisboa, com 454 votos e 25 delegados eleitos, espero que seja o começo de uma nova era em Lisboa, que traga a calma e a serenidade que este Concelho precisa e merece.

Por outro lado, é bom que o ainda Presidente da Concelhia de Lisboa, que patrocionou o aparecimento de uma lista, a P, que ficou em último lugar com apenas 98 votos e 5 delegados eleitos, perceba de uma vez por todas que está a mais neste Concelho e que não faz parte da solução para Lisboa, pois é nele que reside o problema e que se demita rapidamente, para permitir a pacificação do concelho.

Não posso deixar de referir a forma amadora como decorreu o acto eleitoral ontem em Lisboa. Desde a inexistência dos boletins de votos, que provocou um atraso de 30 minutos na abertura das urnas, a cadernos eleitorais com falta de mais de dez páginas (na mesa 5, onde votei), à inexestencia de locais onde com algum alguma reserva se pudesse assinalar o voto nos boletins - de tudo aconteceu um pouco, o que em nada dignificou este acto eleitoral.

Também a escolha da sede do Campo Pequeno, num 3º andar sem elevador, não foi de certeza uma escolha feliz. Infelizmente votaram poucos militantes. Mas se tivesse havido uma afluência idêntica à de Novembro passado, teria sido caótico.

Como congressista por Lisboa, eleito pela Lista B, não quero deixar de agradecer a todos os que foram votar a sua participação neste acto eleitoral e em particular àqueles que votaram na lista B.

1 comentário:

Rui Freitas disse...

Amigo e Compaheiro Paulo Lopes, você faz a (pertinente) pergunta e, parcialmente, dá algumas respostas ao absentismo dos Militantes. A Distrital de Lisboa, não funciona n em funcionará, com a equipa que a dirige... Depois, há que ter em conta (convenhamos) que havia apenas um candidato à presidência do Partido, o que, só por si, fazia antever a dita abstenção. A tudo isto, acrescente o mal-estar que alastra como fogo em palha, pois apesar das explicações serem conhecidas (e a única saída do "buraco" onde o PS nos colocou a todos), há sempre Militantes que as não entendem e alinham pelo diapasão do "bota-abaixo").
A Concelhia de Oeiras, por exemplo, está englobada na Distrital de Lisboa e, garanto-lhe, à hora a que fui votar, encontravam-se na sala menos de meia dúzia de eleitores. Cumpri a minha obrigação, exerci o meu direito, mas não devo errar, se lhe disser que foi a eleição menos participada a que assisti e perticipei!
Não tive acesso ao caderno eleitoral (nem delegado fui), mas tenho quase a certeza de que, mais uma vez, os antigos Militantes nem puseram lá os pés, enquanto que aos "novos" não havia necessidade de "mobilizar"... era "a feijões"!
Quando estão em jogo, lugares, tachos, penachos, então, sim, os telemóveis e os "táxis" não têm descanso... Isto, diz tudo!
O resto, já você disse.
A tanto chegou o PSD, infelizmente!